Política

Recenseamento eleitoral vira caso de polícia

Depois do escândalo envolvendo o director do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) da Beira, agora, a vez é doutro director, concretamente da cidade da Matola, este acusado de promover recenseamento clandestino e a calada da noite.

 

Na Beira, Nelson Carlos do Rosário, ora suspenso, criou um grupo de WhatsApp denominado “Supervisor do STAE Beira” a partir do qual dirigia acções fraudulentas que basicamente consistiam em proceder um registo que no dia das eleições terá divergência de dados do eleitor no seu cartão e caderno eleitoral.

Conforme extractos de algumas conversas exibidas pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), esta acção era direccionada a eleitores suspeitos de apoiarem a oposição. Em contrapartida, ainda conforme os documentos exibidos pelo MDM, o director do STAE na Beira, instruía no sentido de recensear-se, o máximo possível os eleitores apoiantes da Frelimo.

 

Caso Matola

 

Na Matola o director do STAE, Domingos Matsombe, protagoniza recenseamentos a calada da noite. Durante o período normal do registo de eleitores, simula avaria dos equipamentos que acto seguinte, são retirados do local sob pretexto de serem levados para a reparação. Entretanto, dia seguinte, os mesmos equipamentos quando verificados, indicam registos que aconteceram depois da sua retirada até altas horas da noite, fora do local oficialmente indicado.

Os próprios registos dos computadores de registo (“Mobile IDs”) mostram que três foram usados ​​tarde da noite na semana passada na Matola, segundo documentos que a Renamo apresentou ao Ministério Público contra o Director do STAE da Cidade da Matola, Domingos Matsombe.

Os fiscais da Renamo descobriram que os telemóveis não estavam nos postos de recenseamento do Instituto de Formação de Professores (IFP), Matola C e Instituto de Formação de Educadores de Adultos (IFEA) e que estiveram a recensear eleitores até quase meia-noite.

Questionados, os membros das brigadas de recenseamento responderam que os equipamentos tinham sido recolhidos pelo STAE devido a avarias. Mas, na realidade, eles estavam sendo usados ​​na calada da noite.

No dia 12 de Maio, o mobile ID do Bloco 22, no bairro Matola “C”, registou 25 eleitores até às 15h00, altura em que foi recolhido por técnicos do STAE. Quando voltou no dia seguinte, aquele computador havia registado 78 eleitores – portanto, 53 eleitores adicionais haviam sido registados fora do posto de registo. Esta máquina funcionou das 08h56 a 23h26.

Quatro dias antes (8 de Maio), o mesmo computador do mesmo posto funcionou das 8h44 às 23h17 e registou 104 eleitores.

Também no dia 12 de Maio de 2023, o mobile do IFP funcionou das 08h50 às 23h17 e registou 72 eleitores. No dia anterior, 11 de Maio, o mesmo mobile funcionou das 08h25 às 23h27. Nesse dia registou 75 eleitores. No dia 8 de Maio, o mesmo computador funcionou das 8h52 às 23h24 e registou 74 eleitores.

O terceiro mobile era do IFEA . No momento em que a brigada fechou, esse computador tinha registado apenas 21 eleitores, mas no dia seguinte, já mostrava o registo de 70 eleitores. Portanto, outros 49 eleitores foram supostamente registados, mas fora do posto de registo eleitoral. Este mobile esteve operando das 09h09 até 23h30.

A mesma máquina funcionou das 08h10 às 23h41 do dia 11 de Maio de 2023. Nesse período, registou 92 eleitores. O mesmo aconteceu no dia 5 de Maio, quando o mobile funcionou das 8h15 às 23h25 e registou 69 eleitores. (PpP/fonte:CIP)

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