Sociedade

Camiões de carga com destino ao porto condicionam transitabilidade

A cidade da Beira oferece características próprias. Com uma arquitectura do passado português desenhada pelo colono, a urbe admite que parte de mercadoria transita estrategicamente pelo mar e pelo comboio, entretanto, hoje, com a evolução, a cidade enfrenta outros desafios de ordem de mobilidade.

Tudo em grande medida devido ao trânsito de camiões que têm a EN6 como única entrada até ao porto, que abastece países do Interland.

A cidade

A urbe foi concebida praticamente por cima de um pântano, toda plana, com solos bastante impermeáveis. Em tempos, mesmo antes da sua fundação como a cidade que hoje conhecemos, reza a história que viviam por ali apenas negros em palhotas precariamente construídas a mil cuidados, pois as águas do mar subiam e as terras molhadas destruíam as habitações já debilitadas.
Entretanto, esta desolação existia num ponto estratégico do país para o colono português. Era a partir da foz do rio Púnguè que grandes embarcações se refugiavam com muita facilidade e se abrigavam do mau tempo e/ou se refaziam para seguirem viagem.
O Porto da Beira possui lugar de destaque não só pelas condições naturais, sendo formado pelo vasto estuário do rio Púnguè, terminando no oceano índico, mas pelo facto de permitir a importação e exportação desde o território nacional e dos países do Interland.
Da terra lamacenta, malcheirosa e traiçoeira nasceu e cresceu a cidade que hoje apelidamos de Beira. É considerada a segunda maior depois da capital Maputo, mas antes disso foi reconhecida como das primeiras portuguesas ao nível de África.

Faltam alternativas que permitem acesso à urbe

A cidade da Beira tem a particularidade de possuir uma única entrada e saída de e para o centro da urbe, a partir da EN6, o que constitui desafio de mobilidade e que torna um processo complexo para a transitabilidade.
As estradas da urbe, maioritariamente, foram concebidas no tempo colonial e na altura, segundo o vereador da área de Construção e Urbanização, Augusto Manhoca, obedeciam a regras de interdição nas zonas urbanas, como é o exemplo da Ponta-Gêa, baixa da cidade, zona das Palmeiras, entre outras, cujo peso bruto na altura raramente ultrapassava as 5 toneladas, o que hoje já não acontece.
Por outro lado, o facto deve-se à arquitectura feita pelo colono, admitindo que os armazéns fossem concentrados junto de habitações. É o caso do Estoril, considerada hoje zona industrial, de onde chegam camiões de grande tonelagem, entretanto, em tempos as mercadorias chegavam de comboio e faziam a transacção para os armazéns.

Edilidade estuda formas de aliviar camiões de carga

É em função desta limitação que a edilidade, de há um tempo a esta parte, discute meios alternativos de construção de uma estrada que dê acesso directo ao Porto da Beira, no sentido de evitar que os camiões com destino ao porto não cheguem ao centro da urbe, desviando o seu tráfego a partir do Dondo, percorrendo uma distância aproximada de 17km.
“Há maior fluxo de camiões, armazenistas e a logística é alta. Temos também grandes lojas na Munhava e praticamente dali não transita uma viatura ligeira. Aquilo está praticamente monopolizado pelas empresas de logística. Portanto, tentamos abrir na zona da Manga, para quem saísse da auto-estrada e que quisesse entrar no interior”, argumenta Manhoca.

Cargas desgastam constantemente a única via existente

Permanecem outros desafios que passam por transformá-la numa cidade resiliente e moderna. A manutenção de vias de acesso é outro elemento que constitui um “calcanhar de Aquiles” à gestão municipal para suportar as enormes e frequentes cargas de camiões que adentram até ao Porto da Beira, principal porta marítima de Moçambique e de países do Interland.
É na sequência disso que a EN6 é constantemente intervencionada. Mas, por outro lado, em termos de alargamento Beira aparece com uma extensão superior, comparado com Maputo, com perto de 700km², todo o distrito compreende a autarquia da Beira.

Edilidade reconhece desafios de urbanização nas zonas de expansão

As zonas de expansão são outro desafio à gestão municipal para urbanização. Nestes pontos em particular existem trabalhos de urbanização básica, mas não infra-estruturada. A vereação fala apenas de intervenções básicas em locais considerados críticos em termos de intransitabilidade.
“É exemplo disso a rua que passa de Matacuane, fizemos uma intervenção porque era um sítio crítico e sem possibilidade de desvio na zona do quartel. Fizemos uma alternativa da rua Costa do Arte, uma via muito movimentada”, afirmou.
Com a pavimentação da estrada 2009 do Estoril até ao Aeroporto e acesso a Carlos Ferreira “estamos a minimizar. Na Manga também, mas no ano passado tínhamos feito um grande trabalho de pavimentação, na Rua 33. Temos duas ruas a atacar, a Rua 1, que constitui o centro da cidade, e a Rua 6, onde pretendemos garantir a fluidez”. (PpP)

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