Política

Brigadista detido por ordem do Director do STAE: Vingança e chantagem à mistura

Tantas são as irregularidades reportadas ao longo do processo do registo de eleitores para as próximas eleições autárquicas previstas para outubro próximo. Entretanto, pouco poder-se-ia imaginar que a vingança e chantagem pudessem ter lugar no processo, tal como o Centro de Integridade Pública (CIP) reporta, envolvendo o director distrital do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) de Mandlakaze, província de Gaza e um brigadista do recenseamento.

 

De acordo com o CIP, o brigadista Dercilio Nhantembo foi recolhido na manhã de quarta-feira (7 de Junho) por dois agentes da polícia, que foram transportados num Toyota branco conduzido pelo próprio proprietário, Jonas Mathe, director distrital do STAE de Manjacaze.

“O veículo tem uma matrícula sul-africana. Dercilio Nhantembo, que era operador de introdução de dados, foi levado ao comando da polícia distrital de Mandlakazi, supostamente para ser interrogado” acusado pelo director de “ter recenseado um eleitor (ele próprio) duas vezes”.

O director Jonas Mathe apresentou queixa à polícia acusando o brigadista de organizar o duplo recenseamento de um eleitor. Mas, como apurou o Boletim da “CIP Eleições”, o que ele fez não foi um crime eleitoral, mas um procedimento normal dos brigadistas.

Dercilio registou-se em Madendere onde trabalha, mas depois transferiu a sua inscrição para Manjacaze, onde vive. As fontes do Boletim da “CIP Eleições” dizem que o director do STAE sabia do processo e cabia-lhe eliminar o primeiro registo para validar o segundo. Mas, para efeitos de eventual vingança, Jonas Mathe quis usar desta artimanha para encarcerar o jovem ou obrigá-lo a negociar a desistência do processo que a Renamo lhe abrira.

Permaneceu no comando distrital toda a manhã e tarde, tendo sido libertado pouco depois das 16 horas. Foi mantido no comando porque o director do STAE condicionou o arquivamento do processo contra ele a Nhantumbo para este retirar a queixa que tinha feito contra Mathe, sobre o registo indevido de 227 pessoas.

Mas a queixa contra o director distrital do STAE não foi apresentada pelo membro da brigada mas sim pelo agente eleitoral da Renamo.

Com efeito, fontes do STAE distrital disseram ao Boletim do CIP que a intenção principal do director distrital era mesmo mandar prender Dercilio, mas esta intenção não foi apoiada pelo director provincial do STAE, que o aconselhou a retirar a queixa, por não haver prova de crime eleitoral.

Insatisfeito com este conselho, Jonas Mathe decidiu, como forma de pressionar Dercilio, levar na sua viatura dois agentes da polícia do comando distrital para irem deter o jovem, e levá-lo ao comando distrital de Mandlakazi, e não ao Posto policial de Madendere, localizado a poucos metros do posto de registo onde Dercili trabalhava.

 

O curso da novela

 

A história começou no dia 29 de Maio, quando Dercilio Nhantumbo denunciou a adulteração do número de eleitores recenseados durante a noite.

Para lograr-se a fraude, segundo o CIP, o diretor distrital do STAE ordenou que Dercilio fosse ao escritório distrital do STAE na cidade de Mandlakazi para entregar o relatório semanal. Entretanto, o Dercilio quando voltou ao posto do registo no dia seguinte, descobriu que o computador que usava tinha 200 eleitores extras a mais, do que ele havia registado até a altura em que recebeu ordens do director distrital para abandonar o posto de trabalho e ir para a sede distrital.

 

Supervisores recusaram-se a assinar protestos e reclamações da Renamo em Mandlakazi

 

A volta do caso, a Renamo apresentou um protesto à Procuradoria-Geral da República em Mandlakazi, na província de Gaza, denunciando a introdução, na noite de 29 de Maio, de mais 200 eleitores num dos computadores (“Mobiles”). Mas o supervisor da brigada recusou assinar o formulário de reclamações.

A Renamo diz que não foi só o supervisor da brigada onde houve recenseamento clandestino à noite que negou assinar o documento das contestações, mas todos os supervisores de outras brigadas de recenseamento fizeram o mesmo onde a oposição apresentou queixas.

Segundo a Renamo, os supervisores receberam instruções do STAE para não receberem qualquer reclamação da oposição.

Em seu protesto, enviado ao Ministério Público em Mandlakazi, a Renamo diz que a brigada em questão nunca registou 50 eleitores por dia. Mas Mandlakazi diz que registou quase 4.000 pessoas a mais do que adultos em idade de votar na cidade. (PpP/fonte:CIP)

 

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